Mosaico de lágrimas


Algo deixa de acontecer dentro da pedra mármore das esculturas esquecidas. Dentro das portas de todos os sentidos eu não estou dentro de mim. O movimento é sólido, o gesto me encerra como alguém que se limita no que fez... Poderia sentir como o fragmento de uma estátua de três olhos que precisa ir embora recolhendo da fonte tudo que passou.

Uma força impede que a melodia da chuva alcance o pássaro que dorme no peito feito criança que busca a paz do sonho inocente. O lamento é constância. É eterno labor em busca do sorriso que há muito se foi. É mão calejada, é peito rasgado. É leito vazio. É soluço na escuridão.

Lençóis frios, páginas mortas que desaparecem lentamente. Janelas e portas distantes e vazias fecham-se com a inscrição do teu nome. O que é feliz, sempre é breve no breve instante em que desapareceu. A nudez de mais um chão vazio arrancou de mim a gravidade que me suportava. É sem os meus olhos que este coração te despe por inteiro.

É com mãos vazias e boca retendo um grito que te busco. Queria ser o pássaro que te acorda a cada manhã. Sentir no orvalho de cada dia a pureza do sorriso que levaste para longe de mim. E suplicar tua volta, mesmo que momentânea. Só assim eu teria o desenho completo, com cores que só nos pertencem, com sons que só nos mostram, com marcas que só nos transformam em paixão, amor e calmaria.

Dissolvidas cores que te vejo. Confusão, limites estes, que ao vagar intensamente, te procuro. Na semente dos meus dias que se move como as noites, eu espero. Incertezas do espaço e "tempo" ainda buscam dúvidas esclarecidas. Ouço ainda a tua voz no sim e no não. Máquina trituradora de mim neste corpo que um dia me pertenceu. Ainda vive em mim, quem sou no momento em que te busco. Como sou no momento em que não mais existo. Meu corpo, instrumento das minhas saudades. Teu corpo que ainda me move, mas não é "meu".

Quero ver-te na chuva que nos envolve a cada passo no meio da noite, em ruas que nos refletem e nos mostram por onde seguir a história de nós dois. É noite de lua, é noite tua, é momento de entrega. E se no sorriso que me dás ao som da pedra, acerto o passo, sigo a estrada, já sou grande, já amo e já posso adormecer em paz.

Todas as minhas preces, "fim". Corpo sentido. Não fiz nada. Estrela apagada. O suor dos meus poros e o veneno da minha boca. O meu corpo. Permaneço aonde as almas não morrem, esperando paciente a resposta da tua boca. A verdade é única! Que eu viva no universo da tua alma e que a minha alma inteira se refaça a cada amanhecer, para que sejamos um, para que façamos do amor nossa canção mais pura, eternizando o que suplicamos tantas vezes...

Um comentário:

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La-le-li-lo-Lua!

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